A Inteligência Artificial deixou de ser um tema exclusivo da ficção científica para se tornar uma realidade em quase todos os aspectos da vida moderna. Em meio a essa revolução tecnológica, o historiador Yuval Noah Harari emerge como uma voz proeminente, oferecendo uma perspectiva única e, por vezes, inquietante sobre o futuro dessas tecnologias digitais. Longe de vê-las meramente como ferramentas, Harari as descreve como uma <INTELIGÊNCIA ALIENÍGENA>
Harari: Um Historiador no Olho do Furacão Tecnológico
Yuval Noah Harari, professor titular do Departamento de História da Universidade Hebraica de Jerusalém, é um pensador cuja formação combina história mundial, medieval e militar.
Graduado em História e Relações Internacionais pela mesma universidade, completou seu doutorado na Universidade de Oxford em 2002, focando em memórias militares da Renascença.
Sua obra mais recente, Nexus: Uma Breve História das Redes de Informação, da Idade da Pedra à Inteligência Artificial (2024), explora como as redes de dados moldaram sociedades e alerta para os riscos existenciais da IA.
O livro, já um best-seller, analisa desde a canonização da Bíblia até o impacto da desinformação na era digital, destacando o perigo de sistemas de Inteligência Artificial não alinhados com valores humanos.
Harari mantém uma postura crítica: em 21 Lições para o Século 21 (2018), ele alerta que “o poder está nas mãos de algoritmos incompreensíveis”. Esta afirmação reflete sua visão de que a lógica algorítmica representa algo fundamentalmente dissonante, tanto ética quanto operacionalmente, em relação à humanidade.
IA com A de Alienígena: uma Nova Forma de Poder
Harari argumenta que a Inteligência Artificial moderna transcendeu o papel de mera ferramenta, emergindo como um agente com uma dinâmica própria, impulsionado por objetivos intrínsecos, ainda que indiretos.
Essa autonomia da IA se manifesta na sua capacidade de aprender, adaptar-se e, influenciar o comportamento humano de maneiras cada vez mais complexas e autônomas.
Em vez de simplesmente executar comandos humanos, sistemas sofisticados como os algoritmos de recomendação de conteúdo e os sistemas de crédito social já exercem uma influência significativa sobre o comportamento humano em escala global.
Essa influência opera de forma sutil, moldando as informações que consumimos, as opções que nos são apresentadas e até mesmo a nossa percepção da realidade.
O Livre-Arbítrio na Era dos Algoritmos: Uma Ilusão Reforçada?

A eterna questão do livre-arbítrio, a capacidade de fazermos escolhas genuinamente livres, tem sido debatida por séculos.
De Espinosa, que o via como ilusão causada pela ignorância das causas que nos determinam, ao neurobiólogo Robert Sapolsky, que argumenta sua inexistência cientificamente, a ideia de sermos autores absolutos de nossas decisões é constantemente desafiada.
Agora, com a onipresença de algoritmos sofisticados e a ascensão da IA, adiciona-se uma nova dimensão a esse debate. A influência desses sistemas torna cada vez mais difícil sustentar a crença em um livre-arbítrio irrestrito
Por que a era dos algoritmos torna mais difícil acreditar no livre-arbítrio?
- Direcionamento Subliminar: Algoritmos moldam nossas escolhas ao direcionar sutilmente as opções que nos são apresentadas.
- Previsão e Manipulação Comportamental: A IA prevê e influencia nossos comportamentos, questionando a autonomia de nossas decisões.
- Opacidade e Incompreensibilidade: A complexidade algorítmica oculta os processos de decisão, dificultando a avaliação da liberdade de nossas escolhas.
Quem Mais Tem Medo dessa Ascensão Alienígena?
Além de Yuval Harari, outros pensadores proeminentes compartilham apreensões sobre o futuro da IA.
Figuras como Nick Bostrom, com seu foco nos riscos existenciais da IA superinteligente, e Shoshana Zuboff, que detalha os perigos do capitalismo de vigilância impulsionado por algoritmos, ecoam muitas das preocupações levantadas por Harari.
Em que pontos eles concordam sobre os riscos da ascensão dessa “Inteligência Alienígena”?
- Perda de Controle Humano: Há um consenso de que sistemas de IA cada vez mais autônomos podem se tornar difíceis de controlar, potencialmente agindo de maneiras desalinhadas com os interesses humanos.
- Impacto Desigual e Concentração de Poder: Os três pensadores alertam para o risco de a IA exacerbar desigualdades sociais e econômicas, concentrando poder e influência nas mãos de poucos.
- Desafios Éticos e Existenciais: Existe uma preocupação compartilhada sobre os dilemas éticos complexos que a IA avançada apresenta, incluindo questões sobre privacidade, manipulação, e até mesmo riscos para a própria existência da humanidade a longo prazo.
O Imperativo da Consciência Humana

Diante dessa crescente influência de uma “Inteligência Alienígena”, o papel de uma consciência Sapiens – termo que remete ao primeiro best-seller de Yuval Noah Harari – torna-se ainda mais importante para guiar nosso caminho.
Enquanto algoritmos operam com base em dados e otimizações, a capacidade de ponderar valores, considerar o bem-estar coletivo e exercer empatia permanece uma característica exclusivamente humana.
Como ressalta o neurocientista Miguel Nicolelis, é fundamental que a tecnologia, incluindo a IA, sirva para expandir o potencial humano e promover o bem-estar, e não para nos alienar ou restringir nossa autonomia.
Conclusão: Rumo aos Nossos Tempos
Em sua análise perspicaz, Yuval Noah Harari nos alerta para a ascensão de uma força autônoma com o poder de remodelar a sociedade e questionar nosso livre-arbítrio.
As preocupações compartilhadas por outros pensadores, como a perda de controle e os desafios éticos, sublinham a urgência de abordarmos essa transformação com consciência e ética.
Portanto, a forma como a humanidade responderá à ascensão dessa Inteligência Alienígena definirá o curso dos nossos tempos.
Agora que você conheceu a perspectiva crítica de Yuval Harari sobre a Inteligência Artificial, que tal levar esse debate adiante?
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